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Mulheres padeiras artesãs
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A vida de uma mulher padeira é distinta das outras vidas? Elas me respondem dizendo que é exatamente igual a qualquer outra vida. Entretanto, têm a oportunidade...
Não me esqueci do futuro.
Quando Ulisses chegar,
eu lhe darei o pão:
faremos juntos um sanduíche.
(Penélope padeira)
Ao longo da evolução humana, a mulher teve um papel expressivo nos destinos dos povos e das sociedades. Fontes históricas narram as mulheres exercendo funções laborais diversas, inclusive a arte de fazer o pão.
O pão – uma porção básica de farinha, água e sal – serve de alimento e, em consequência, é história, tradição, alquimia, indústria, política. Pois desde o cultivo dos cereais, passando pela colheita, moagem, panificação, até que o pão alcance nossas bocas, articula-se todo um mundo, passando por produtores, cooperativas, moinhos, fornos e… também mulheres.
Mulheres padeiras artesãs?
Antigamente, quando a padaria ainda não se havia industrializado, eram as nossas avós, mulheres, quem faziam o pão em casa, sem negligenciar o cuidado da casa e dos filhos. Nos últimos anos, no Brasil, vêm surgindo diversas iniciativas em torno da fabricação artesanal do pão. E são essas iniciativas que estão a inspirar as mulheres brasileiras para fazer pão de fermentação lenta e vendê-lo localmente, segundo uma ação individual, social e econômica centrada no Bem Viver, que valoriza estilos de vida que assegurem não só satisfação pessoal, mas também saúde com consciência ecológica.
Muitas dessas padeiras artesãs, com idades e experiências de vida distintas, começaram amassando pães para a família e amigos em casa, utilizando farinhas especiais e fermento natural. Animadas pelos resultados alcançados, puseram em marcha o negócio próprio com a perspectiva de produzir pão fazendo as pessoas felizes.
Metas, precauções, é óbvio que o exercício da panificação artesanal não é só alegria, satisfação. O trabalho de uma padeira artesanal é duro como tantas outras profissões. No entanto, essas padeiras procuram desenvolver seu ofício a partir de um ponto de vista criativo, mas sem perder os referenciais do bem-estar, da saúde, seguindo, com paciência e atenção, regras rígidas para o preparo das massas, destacando-se cada vez mais nos setores contemporâneos de panificação.
Algumas mulheres padeiras contam que a amizade com o filho do dono de uma padaria se tornou amor e, em consequência, nasceu a paixão pela fermentação natural, a arte de produzir lentamente o alimento. Outras narram experiências engraçadas sobre a vocação relacionada ao pão, sem evitar confessar que conciliar trabalho, casa e família às vezes é duro, especialmente quando são mães e têm filhos pequenos.
A vida de uma mulher padeira é distinta das outras vidas? Elas me respondem dizendo que é exatamente igual a qualquer outra vida. Entretanto, têm a oportunidade de pôr em marcha uma aposta apaixonante que está latente na massa madre como alma inevitável do processo, contribuindo, no bairro, na comunidade, com um pão de qualidade, cheio de tradição, que agrada e faz bem ao corpo, aos sentidos e à memória. São, sem dúvida, mulheres brasileiras ativas, que estão a criar bonitas histórias.
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